8 de agosto de 2011

Preservação gera controvérsias no campo

Enquanto algumas empresas, rurais e urbanas, se empenham para adotar práticas para preservação do ambiente, especialistas e ambientalistas dizem que o governo e o Legislativo ainda fazem vistas grossas para a preservação, em especial para o desmatamento.  O principal alvo dos protestos é a proposta de reforma do Código Florestal, caso se permita sua aprovação nos moldes atuais.


A derrubada da floresta e sua substituição pela agropecuária significam não só menor índice pluviométrico, mas sobretudo maior consumo de água.  "A suposta reforma do Código Florestal deu uma espécie de carta branca para o desmatamento da Amazônia, que cresceu 85% em 2011 em relação ao ano anterior para plantação da soja.  O desmatamento está ocorrendo nessa proporção e tende a se ampliar.  O aumento da seca prova a tese", diz Laerte Scanavaca Júnior, pesquisador da Área de Ambiência da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).


A derrubada da floresta, diz o pesquisador, causará danos irreversíveis.  "Se for aprovado o novo Código Florestal, muita área será desmatada provocando um efeito em cascata.  Já que as florestas preservam e conservam a água, o resultado será a falta de água.  Cerca de 50% da água que vem para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul e chega até o meio da Argentina é procedente da Amazônia", afirma.


"Como o Brasil é um país privilegiado em recursos hídricos, não há cuidado com essa questão.  É preciso equacionar isso.  O governo faz vistas grossas a um problema gravíssimo", reforça.


O novo Código Florestal, já aprovado pela Câmara, prevê a anistia para desmatamentos ilegais feitos até julho de 2008 e permite o plantio em encostas e criação de gado em topos de morro.  Prevê ainda a redução de 80% para 50% da área de Reserva Legal na Amazônia em casos de regularização.  Na hipótese de ser aprovado dessa forma pelo Senado, o código representará uma elevação de vegetação nativa não protegida, apenas em Mato Grosso, de 7 milhões para 11 milhões de hectares.


Logo que foi aprovado pela Câmara em maio de 2010, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) saudou o Código Florestal afirmando que "os valores ambientais serão respeitados" e que o país terá "regras para o uso e manejo da terra".


A conciliação do desenvolvimento do agronegócio com a preservação ambiental constitui um campo polêmico.  Algumas iniciativas setoriais, porém, apontam para possíveis soluções, com a adoção de técnicas de manejo sustentável - como plantio em mosaico e formação de corredores ecológicos.

A Embrapa, em parceria com pequenos agricultores, avança nesse terreno em busca de ações sustentáveis, promovendo um crescimento da agricultura orgânica na média de 40% ao ano.


"Uma das técnicas é o plantio em mosaico, onde os talhões de eucalipto estão entremeados por vegetação nativa.  Outra ação para a manutenção da biodiversidade é a formação de corredores ecológicos, onde os principais fragmentos de mata nativa são interligados, favorecendo a circulação da fauna silvestre e sua reprodução", explica Maurício Penteado, diretor de Operações Florestais da Suzano Papel e Celulose.


Segundo o diretor, a comparação entre espécies de eucalipto com outras essências florestais mostram que os plantios de eucalipto no Brasil consomem a mesma quantidade de água que as florestas nativas.  "Sua eficiência no aproveitamento da água garante maior produtividade quando comparado a outras culturas agrícolas", acrescenta.  Dados da Embrapa demonstram que entre 60% e 70% da água consumida no Brasil é destinada à agricultura, como ocorre em outros países.  "A parte florestal no Brasil é desprezível.  O reflorestamento comercial no país é de menos de 1%", diz Scanavaca Júnior.


Fonte: http://www.rondoniadinamica.com

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